Transtorno
Quando as perturbações moram ao lado
Moradores próximo a engenho na BR-116 vivem em conflito com o movimento de carga e descarga
São inúmeros os transtornos enfrentados pelos moradores às margens da BR-116, em meio ao processo de duplicação. Em um trecho específico, no entroncamento da avenida Cidade de Lisboa com a estrada, estes problemas ganham proporções ainda maiores. Além da obra, os habitantes lidam com os desafios de serem vizinhos de uma empresa de armazenagem de cereais que, em período de safra, altera completamente a rotina do local, com uma alta circulação de caminhões. As dificuldades já foram discutidas com a Secretaria de Transportes e Trânsito (STT), que admite ter limitações na fiscalização, e com a empresa, que diz ter poderes limitados para interferir na situação.
Em meio a este cenário, os moradores aguardam uma solução já há três anos. Sérgio Lopes reside no local há mais de 30 anos. Segundo ele e outros habitantes ouvidos pela reportagem, o fluxo de caminhões em função da carga e da descarga de grãos deixa as vias em condições intransitáveis. Outro problema apontado é que estes costumam estacionar em frente às residências, obstruindo a saída de carros. "Já contei mais de 20 carretas estacionadas na minha rua - Geraldo José Maciel - uma atrás da outra, sem espaço pra gente sair. E aí? Se eu tiver uma urgência? Como eu faço?"
As situações narradas pelos moradores envolvem ainda conflitos diretos com os motoristas dos veículos. De acordo com os residentes, os condutores circulam em qualquer horário do dia e da noite, concentrando-se em frente às casas e fazendo até mesmo suas necessidades na rua. "Não adianta falar com eles, com a empresa, com a prefeitura. Nada resolve", diz Sérgio. Nem mesmo a mobilização organizada pelos habitantes, que levou o então secretário de Transportes e Trânsito (STT), Luiz van der Laan, e atual titular da pasta de Serviços Urbanos e Infraestrutura (Ssui), vereadores, azuizinhos e representantes da empresa a dialogarem, teria solucionado a questão. Segundo relatos, o acordo de áreas onde os caminhões podem estacionar, sendo limitados a dez veículos por vez, e as placas proibindo o trânsito destes, não são respeitados ou mesmo fiscalizados.
Van der Laan confirma que as conversas realizadas no ano passado definiram como área de estacionamento dos caminhões a frente do engenho e restringiram a circulação à rua paralela à empresa. À frente da STT, realizou alguns fiscalizações, mas após ser encaminhado para outra pasta não acompanhou mais a situação. Pela sua atual secretaria diz poder cuidar apenas das vias, enviando a patrola para melhorar os danos causados pelos caminhões. No dia em que a reportagem do Diário Popular esteve no local, inclusive, uma máquina fazia o serviço, mas, segundo os moradores, as ações neste sentido são raras. Já o atual secretário da STT, Cláudio Montanelli, reconhece tratar-se de uma zona de conflito e afirma que a Secretaria intervém como pode. "Eventualmente passamos lá e sabemos que depois de sairmos os problemas retornam. Estamos vendo possibilidades de intensificar o trabalho ou até mesmo uma nova abordagem."
O que diz a empresa
Através de seu advogado, Jair Pereira, a empresa informou que não se responsabiliza pelos caminhões e seus motoristas, que são terceirizados, e que seus poderes são restritos aos muros do engenho. "Temos poder de conselho, mas não de polícia. Eles entram e descarregam. Depois disto, se vão dormir na cidade antes de voltarem para a estrada ou algo neste sentido não controlamos". Jair também informou que foi realizada a compra de um terreno contínuo ao engenho, onde será construído um estacionamento. Neste momento a obra está em fase de licenciamento. A expectativa também é de que com a conclusão das obras de duplicação, a empresa tenha um acesso direto à BR e não precise utilizar as vias dos arredores.
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